Sismec visita UPAs e confirma o caos
Nesta quinta-feira (11), a diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec) visitou unidades de pronto atendimento (UPAs) da capital e deu seu veredito: “faltam condições mínimas de trabalho!”.
Inicialmente, o intuito da entidade era acompanhar o começo do plantão, pois havia várias reclamações sobre as chefias não entregarem os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários em situação de pandemia.
Os diretores relatam que encontraram uma equipe completamente exausta, muito preocupada em receber os EPIs, contando que precisam enfrentar os chefes ou lhes dão apenas três máscaras cirúrgicas por plantão. Segundo os trabalhadores ouvidos pelo Sismec, até os pijamas cirúrgicos, que o sindicato já havia conseguido que a gestão ofertasse no início da pandemia, estão escassos sob a justificativa de que a lavanderia contratada não tem cumprido com o contrato.
Além de verificar a dificuldade com os EPIs, a diretoria encontrou UPAs extremamente lotadas, com pacientes sendo atendidos pelos corredores, por um número muito inferior de servidores do que seria adequado. “Nas unidades, em torno de 40 pessoas estavam em estado bastante grave e 80 eram de médio risco, a maioria estavam sentadas em poltronas ou cadeiras de plástico, fazendo uso de oxigênio. Uma cena de terror!”, descreve a presidente do Sismec, Raquel Padilha.
“Em uma unidade, havia três técnicas de enfermagem para atender aproximadamente 30 pacientes de médio risco, quatro delas precisavam acolher 14 pessoas graves e mais a sala de emergências, enquanto apenas duas davam conta de todos os casos leves”, adiciona a presidente.
O relatório da visita ainda descreve que a entrada de todos os pacientes, tanto suspeitos de Covid como os casos clínicos, era a mesma, que ficavam todos no mesmo ambiente de espera, inclusive sem restrição de idade.
O documento também narra um doente chegando ao local com saturação de 65%, índice que requer atendimento emergencial, e não havendo maca, ponto de oxigênio e muito menos respirador. Além disso, os visitantes presenciaram a equipe mantendo a oxigenação de um paciente com ambu (equipamento manual), por falta de respirador.
Também foi constatada a falta de medicações, de insumos e equipamentos mínimos para os atendimentos. Na lista de itens faltantes preparada pela entidade constam: monitor; bomba de infusão, termômetro, glicosímetro( obriga os médicos solicitarem exames laboratoriais varias vezes ao dia, encarecendo muito), oxImetro( indispensável para avaliações de pacientes com COVOD19), macas, camas e poltronas. Alguns desses itens, quando existem, estão presentes em quantidade inferior ao necessário e são compartilhados entre setores diferentes, facilitando a contaminação cruzada.
Durante esta semana, também foram visitadas as unidades básicas de saúde que recentemente passaram a oferecer atendimento de UPA. Nesses lugares, verificou-se a falta de macas, carrinhos de emergência, medicamentos e insumos, além de dificuldades diversas em relação à acessibilidade. Essas unidades também estavam cheias, sem cumprimento do distanciamento mínimo, e os profissionais não tinham os devidos EPIs. “Chega! É hora da verdade. Falta tudo, principalmente humanização”, afirma indignada Patrícia Mendonça, diretora do Sismec que também participou das visitas.
Quanto aos fechamentos das demais unidades, Raquel alega que não se fecha um batalhão na guerra. “Ontem tivemos 26 mortes em Curitiba. Hoje, dois dias após a implantação do plano emergencial, tivemos 36 mortes. Será que isso não é o bastante para a prefeitura reavaliar o método utilizado?”, questiona ela.
“A gestão mentiu descaradamente quando disse ter suporte financeiro para atender a todos. A estratégia deles apenas serve para disseminar o vírus e deixar toda a população sem atendimento adequado nos serviços de saúde. Curitiba não precisava estar passando por isso, bastava olhar para os outros estados e ouvir os profissionais de saúde e seus representantes ”, conclui o relatório do Sismec.


